Venho convidar vocês a conhecerem uma leitura que é para nos tirar da zona de conforto e nos fazer olhar a história de Jesus com outros olhos. Porque além de conhecer a divindade através da religião, somos convidados a conhecer e entender um pouco do Jesus histórico. Homem que, inegavelmente, existiu e está registrado em documentos históricos, tanto Judeus, quanto Romanos.
Com uma divisão em 5 tópicos, somos convidados a olhar a figura de Jesus sob diversas perspectivas, para nos aproximarmos da real persona que andou sobre a Terra, com suas mensagens que mudaram a história da humanidade.
No primeiro, somos levados a pensar na fisionomia de Jesus e como, ao longo dos anos, sua história foi contada e, por vezes, alguma linha de pensamento tentou moldar, a sua própria vontade, quem é Jesus. Uma das linhas que o autor aborda, para dar suporte a essa linha de pensamento, é o fato de Jesus ser retratado louro e branco, tendo sua imagem retratando a imagem europeia e não de um homem que era judeu.
A proposta do autor é algo que deve ser levado em consideração durante a leitura. Ele faz um convite para estudar a figura de Jesus usando como foco o Jesus retratado nos 04 evangelhos e, claro, à luz das palavras de João e Paulo. Sendo assim, não levando em conta os textos proféticos do antigo testamento, e nem a esse próprio quanto a Jesus. Apenas ao que se refere ao povo Judeu.
O segundo capítulo é dedicado à presença de Jesus na literatura do cristianismo pós sua morte (e para mim ressurreição), de como cada um dos evangelhos traz uma faceta de Jesus, ao mesmo tempo comum e única em cada um deles. Fundamentando, cada um, uma fase do cristianismo que juntos formam a base do todo.
Eu estranhei por esse motivo algumas passagens, mas, dentro da abordagem adotada, fizeram sentido e, de certa maneira, leva a uma reflexão mais profunda de alguns temas. Como o próprio autor diz, Jesus não pode ser uma tela em branco pintada a vontade de quem a vê e sim, devemos aceitar a imagem que Ele tem.
No terceiro capítulo, o autor propõe uma abordagem de Jesus como um ser que é imaginado e moldado a vontade das culturas em que é cultuado, ao ter sua mensagem trazida ao ocidente. Eu observei que a mesma abordagem pode ser feita com qualquer divindade, porém nenhuma delas tem a força histórica de Jesus Cristo, nem mesmo sua influência na história e na vida das pessoas.
Os capítulos quatro e cinco trazem uma abordagem mais moderna, tanto de estudos quanto de crenças; a busca tanto pela fé, quanto pela negação ou afirmação da não crença. Com essa história se colocando como um guia para um estudo de cada abordagem. Não de forma profunda, porém referencial desse processo. E deixando o convite que o leitor encontre a Jesus e o conheça ou reconheça.
Por fim, deixo a ressalva de que não consegui aceitar a proposta de desconsiderar os textos do antigo testamento a respeito de Jesus. Terminei a leitura com a certeza que essa abordagem faz sentido quanto ao Jesus “histórico”, mas não a divindade. Porque o profeta Isaías não é chamado Messiânico à toa, e várias de suas profecias se cumpriram na vida e morte de Jesus, atestando que Ele é o Cristo.
Eu sou Cristã, creio em Jesus como filho de Deus e, com isso, quero dizer que é uma leitura interessante sob diversas formas, e que não é porque alguém escreveu que abala a fé de nenhum cristão. Mas vi e vejo como um convite à reflexão, em especial, para os 30 anos anteriores ao ministério de Jesus, afinal, como bem sabemos, Ele foi crucificado aos 33 e, para minha fé, ali morreu o Jesus-Homem para ressuscitar e reinar o Filho de Deus.
Sobre a edição: alguns termos ganharam um destaque bem-vindo e, além do significado, uma breve explicação. Notas de rodapé e indicação de outras obras ao fim de cada parte, também merecem destaque. O livro tem folhas brancas, ótima diagramação e ilustrações que acrescentam a leitura.