Se você nunca leu nada do King e tem estômago forte para cenas com requinte de crueldade (nem tanto física, mas psicológica) esse certamente deveria ser seu primeiro contato com o rei. Não é o meu favorito, mas a atmosfera criada aqui para qualquer leitor avido é sensacional e você não vai passar medo, mas nervoso… aah, isso com certeza você vai sentir!
Misery já foi adaptado para o cinema, inclusive o subtítulo do livro: Louca Obsessão, é o titulo da adaptação que eu pretendo conferir muito em breve, (sim, eu prefiro ler primeiro o livro e só depois assistir o filme) e pelo o que eu vi por aí na internet, a adaptação é tão boa quanto o livro, inclusive a atriz que faz o papel da Anne Wilkes ganhou o oscar.
Apesar de ser uma história fictícia, o plot de Misery é bem metalinguístico, aqui temos um livro onde o personagem principal é um autor de sucesso, Paul escreve um série em que a personagem principal se chama “Misery” e apesar de ser uma série de sucesso, ele não aguenta mais escrever sobre.
Paul acabou de escrever um novo livro que nada tem de relação com a série, e sai para comemorar apesar da forte nevasca e acaba sofrendo um acidente, é ai que o caminho de Paul e Annie acaba se cruzando. Anne é uma enfermeira aposentada que encontra Paul BEM machucado e o leva para casa e presta os primeiros socorros.
Devemos estar atentos que esse é um livro do King e o que parece bastante sorte para o Paul, no fim, é uma baita de uma enrascada. Annie é aposentada e uma leitora voraz, ela se diz fã número um dos livros do Paul e uma grande entusiasta de Misery, o que ela não sabe é que Paul matou a personagem no último livro.
Depois de ler esse livro, eu não digo nunca mais que sou fã número um de alguém e se eu fosse uma autora de sucesso, eu ia ter muito medo de leitoras entusiasmados, rs. A narração alterna entre terceira pessoa e alguns pensamentos do Paul, a sensação de claustrofobia é bem real como qualquer livro de confinamento, as sutilezas e os rompantes de raiva que Annie demonstra aos pucos nos faz questionar até quando Paul pode sobreviver ao carcere.
Obviamente, nada que Annie faz é justificável, longe da minha pessoa querer bancar a psicopata, mas quando Annie descobre que Paul, seu amado escritor, matou sua personagem favorita, ela compra um máquina de escrever e o obriga a reescrever a história ( mas que ousadia do autor matar Misery, não é mesmo?) quem nunca ficou chateado com aquela morte que o diga [alôooo fãs de divergente].
Paul que no começo se mantém como uma pessoa controlada e calma, se vê tendo que negociar com uma pessoa sem nenhum equilíbrio mental, mas usa dessa demanda de Annie por um novo desfecho como uma oportunidade para sofrer o menos possível .
Se tem uma coisa que eu descobri, é que não há foco mental que resista a uma dor física e aparentemente, Anne sabe disso muito melhor que eu, você ou Paul, e todo o desespero do Paul por um comprimido que aliviasse a dor dele se torna o nosso desespero também.
Definitivamente, a cereja do bolo pra mim é a capacidade do King de segurar uma história inteira praticamente dentro de uma casa e com interações majoritariamente entre dois personagens, se eu pudesse um dia encontrá-lo e perguntar alguma coisa seria: Misery é seu maior pesadelo como autor?
Porque devido ao tamanho do sucesso que ele faz entre nós, meros leitores, ele já deve ter recebido mensagens bem esquisitas durante esses anos! “It, a coisa” ainda é meu favorito, mas definitivamente Misery está entre as primeiras indicações. Qual o seu favorito?