Malibu Renasce se divide entre o presente, o último dia de verão, quando acontece a famosa festa de fim de verão dos irmãos Riva. E o passado, que vai desde a década de 50 até 1983, relatando desde o momento em que June conhece Mick, ainda um aspirante a músico, até a atualidade.
Quem leu Os Sete Maridos de Evelyn Hugo vai se lembrar de Mick Riva, o 5 marido com quem ela se casa em 1961. Se nesse livro ele foi apenas uma passagem, em Malibu Renasce Mick é o catalizador.
Sinto que não tem muito o que falar do livro sem trazer muitos spoilers, mas Mick Riva se revela uma pessoa muito diferente daquela que conhecemos anteriormente. Ele parece dividido em dois mundo, um tanto quanto egoísta, e me lembra muito esse mundo de homem que decide ser pai só quando lhe é conveniente. Que acha que sua vida simplesmente aconteceu, e não que ela é resultado de suas ações e decisões deliberadas.
Já June eu não sei bem como explicar. A matriarca da família Riva não era uma menininha inocente, ela tinha ambições. E ela estava disposta a aceitar muita coisa para conseguir o que queria. Ou pelo menos foi como eu a enxerguei no começo. No fim, acredito que a vida de June foi ditada pelas escolhas dos outros e pelas coisas que ela tinha que fazer, no momento em que ela decide não seguir em frente.
Tudo isso enquanto esperava que, algum dia, de alguma forma, a vida com a qual ela sonhou pudesse se tornar realidade. De certa forma, vi June muito como uma pessoa que espera. Espera, espera e espera. E um dia se dá conta de que sua vida inteira passou e ela continua esperando por algo que nunca vai acontecer. Confesso que, embora os reais protagonistas sejam os irmãos Riva, achei June e Mick os personagens mais interessantes de Malibu Renasce. Achei o romance deles, o desenvolvimento dos personagens e tudo o mais, a parte mais interessante do livro. Não consegui me importar muito com os irmãos Riva.
Nina é um estereótipo de irmã mais velha que foi parentificada. Como resultado, ela acredita que é seu dever cuidar dos irmãos, ser a pessoas responsável por sustentá-los e criá-los. E se coloca em situações que não gosta, de verdade, pela culpa e pressão de prover para eles. Mesmo que eles nunca tenham pedido isso ou quando já podem fazer isso por si mesmos.
E aí temos os “gêmeos” Hud e Jay. Embora sejam meio-irmãos, June criou os filhos com o mesmo amor. O que acabou fazendo com que todos desenvolvessem um laço forte. Especialmente Jay e Hud. Jay é um surfista profissional, um dos melhores, e Hud é o fotógrafo que o acompanha para tudo que é lado, clicando fotos que colocam o irmão em capas de revistas e produtos licenciados.
Já Kit, a caçula, ainda está tentando descobrir o que quer da vida e quem realmente é. Superprotegida pelos irmãos mais velhos, ela tem aquele “quê” de criança rebelde e um tanto revoltada. E eu sinto que ela foi a mais apagada da história.
A negligência e o abandono parental com o qual os 4 cresceram fez com que eles desenvolvessem uma relação extremamente próxima, que é colocada a prova durante a festa de fim de verão na casa de Nina. Desde o começo de Malibu Renasce Taylor Jenkins Reid nos promete um desfecho incendiário – tanto literal quanto metaforicamente falando. E até metade do livro era bem isso que eu estava vendo mesmo.
No entanto, sinto que o livro se perdeu um pouco depois disso. Quando a festa começa, Taylor se divide entre nos contar os pontos de vistas dos 4 irmãos, separados pela casa, e mais o de tantos outros famosos – responsáveis por fazer a festa sair do controle. O problema é que nunca tínhamos ouvido falar daqueles personagens até seu POV aparecer – e não ouvimos falar mais depois deles. O que significa que teve muitas apresentações de pessoas com as quais eu não me importava – e que importavam muito pouco para a história – o que fez de Malibu Renasce uma leitura bem arrastada da metade para o final.
Também não senti que o clímax foi tão incendiário quanto o prometido. Achei um tanto quanto anticlimático e monótono. O que fez com que eu tirasse uma estrela da leitura. Não me levem a mal: de forma geral, Malibu Renasce é uma boa leitura. Tem as características marcantes de um livro da Taylor Jenkins Reid que faz com que a experiência de leitura seja boa.
Mas é impossível não comparar com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e Daisy Jones and the Six. Ou construir uma expectativa alta sobre o que encontrar nele. E sinto que essa expectativa não foi encontrada. Acredito que se esse for o seu primeiro livro da Taylor Jenkins Reid, a experiência de leitura vai ser muito melhor do que a minha.